segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

OS ESPAÇOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL


Os espaços escolares, conhecidos também por áreas de estimulação ou cantinhos proporcionam um importante papel no aprendizado da criança. Sendo um elemento essencial no currículo, os espaços contribuem para que muitos mundos caibam numa sala de aula.
Com base no Referencial Nacional Curricular de Educação Infantil, os espaços com a interação da ação brincar perpassa tanto o conhecimento de mundo quanto a formação pessoal e social da criança.
Os espaços numa Unidade de Educação Infantil se transformam num terceiro educador, sem ter unicamente no adulto a condução das ações. A partir do seu entendimento como uma perspectiva definida em diferentes dimensões: física, temporal, relacional e funcional, o espaço adquire uma dimensão educativa. O docente que valoriza a  seriedade da primeira infância trabalha com a metodologia lúdica, estudando os espaços para que carreguem muitos significados a quem participa.
Considerando que o trabalho com cantos não constitui somente a aprendizagem da criança e também do educador, o professor aprende que com a utilização dos espaços, os rumos da aprendizagem fica nas mãos das crianças e os docentes com a simultaneidade de propostas.
Ao pensarmos em construir um espaço para a criança, analisando que ele nunca é neutro, será estimulante ou limitador, devemos o aproximar cada vez mais de uma visão de casa, promovendo alternativas e atitudes de criação e mobilidade.
A equipe escolar deve perceber as potencialidades da criança em se relacionar com os espaços, e a mediação deve contribuir para que a criança possa aprender conceitos, testar hipóteses, detalhando aspectos ao interagir com o mundo concreto com o qual convivem.















quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A falta de limites nas salas de Educação Infantil. As histórias transformando comportamentos.

Visando as características comportamentais de uma sala de Maternal II, sendo alunos de 3 anos de idade, foi avaliado pelos educadores falta de limites, ou seja, características emocionais alteradas em boa parte do grupo, estes que gritam, choram sem motivo, cospem e batem nos professores.
Baseando-se nas idéias interacionistas de Vygostky (2008) de que a criança deve interagir com o meio e o mediador deve particiar dessa interação, propõe-se a reflexão de quais são os pontos dificultadores, já que a escola está exposta a todas as tensões da sociedade. Percebe-se que os professores não têm uma visão consisa do que é disciplina e de como lidar e analisar realmente se a criança está agindo com indisciplina. Além de que o uso do “não” nas escolas está sendo inadequado, na maioria das vezes para indicar autoridade e não de forma clara para explicar o porquê e que na escola aquela atitude não é aceita.
Os pais também não sabem agir quando entram em questão “os limites”, principalmente com os filhos pequenos, e se sentem errados e culpados em corrigir e por as regras. A clareza do que a criança deve fazer é fundamental para a compreensão da mesma do que é certo e errado, e segundo estudos da neurociência, a criança até os dois anos se desenvolve emocionalmente, e até sete anos a sua personalidade, fase principal de se educar.
Segundo Maria Teresa Estrela, professora da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa (2002 ) “Existem vários tipos de disciplina: a escolar, a militar, a religiosa, a desportiva. Todos se inscrevem num fundo ético de caráter social. Não se pode, portanto, falar em disciplina/indisciplina independentemente do contexto sócio-histórico em que ela ocorre”.
A questão disciplina/ indisciplina está relacionada com as mudanças sofridas pela escola ao decorrer dos tempos. Conforme a escola foi adquirindo novas visões, novas perspectivas, a figura do professor também foi se modificando. As heranças do magistrocentrismo, em que o professor tradicional era senhor do saber e autoridade na sala de aula, foram se transfigurando, e o professor foi adquirindo características de mediador da aprendizagem, dando mais autonomia ao aluno em articular-se. Hoje muitos não sabem lidar com a experiência de dar autonomia e não ser autoritário, o que causa confusões em analisar e lidar com a falta de limites em sala de aula.
Essa confusão de papel também é vista em salas de Educação Infantil, em que a equipe escolar não sabe lidar com a problematização da indisciplina. Não sabem usar o “não” de forma facilitadora, e sim abusam negando sempre aos alunos, sem dar uma justificativa precisa do porquê não fazer ou agir daquela forma.
A análise do que considerar como falta de limites, implica vários olhares: da escola, da sociedade e da criança. Muitas vezes a realidade social e cultural vivenciada pelo aluno não se combina com o mesmo olhar educacional da escola, sendo confuso à criança julgar o que é certo e errado em ambos ambientes que vivem. Para que a criança tenha uma disciplina ela tem que ter claro o que determinado ambiente espera dela. E a escola tem que ter claro o que quer da criança, para poder também lidar com a diversidade e com cada realidade sócio-cultural e as considerações que cada família tem sobre educação.
Além de deixar claro à criança o que se espera dela, teorias como a de Piaget (Revista da Educação-Março 2001 p.4) “Autodisciplina” não imposta de fora, mas desenvolvida pela interiorização e busca pessoal de equilíbrio, são alternativas válidas para serem trabalhadas também na Educação Infantil. As “regrinhas” devem fazer parte do planejamento, e ficar claro as ações que caracterizam certo  e errado para aquela instituição. A reflexão dos atos e sentimento como vergonha devem ser trabalhados; segundo Sartre, “ o sentimento de vergonha pura se origina do fato de o sujeito  se saber objeto do olhar, da escuta, do pensamento dos outros, independente de haver um julgamento negativo ou não”. A partir desse sentimento pode a criança saber arrepender-se de ações erradas.
Na educação Infantil, a falta de direcionamento e tempo ocioso, são também causadores de falta de limites, assim as crianças não têm o que fazer e esquecem do que é certo fazer, portanto, atividades dirigidas, divisões de grupo, são novas perspectivas de ação para um melhor desempenho da escola para com a aprendizagem e educação dos alunos.
O faz-de-conta e a prática de contação de histórias, além de ter como objetivo principal desenvolver a oralidade e aumentar vocabulário, auxiliam a criança a interiorizar as atitudes certas que a visão social espera dela. As fábulas principalmente porque trazem a moral são importantes nesse processo cognitivo ao estabelecer mentalmente e interiormente o que é certo ou errado. A contação de histórias na educação Infantil e a prática do reconto realizado por crianças de três anos de idade são alternativas para lidar com a falta de limites considerada pelos profissionais do Centro de Educação Infantil estudado, importante atitude de reflexão da prática e ação em busca de soluções imediatas.
As crianças que antes não aceitavam nem o cumprimento da rotina, passaram a despertar interesse pelas atividades de histórias, penetrando no faz-de-conta e por conseguinte melhorando as reações emocionais durante o dia.

A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS PARA CRIANÇAS DE 0 A 3 ANOS


  
        Para pensarmos num melhor desenvolvimento cognitivo em crianças de 0 a 3 anos é necessário repensar a prática, e o que queremos obter com o trabalho educativo.
        Existem muitas classificações de textos infantis para serem trabalhado com essa faixa etária, como: mitos, lendas, fabulas, contos, poesias, parlendas... , mas o mais importante é avaliar se a categorização deste texto é de objetivos pedagógicos para direcionar a criança a certa ideologia e comportamento ou se é emancipatória, resgatando a criatividade, fantasia, expressividade do ouvinte (receptor).
        O educador tem que se ver figura-chave deste desenvolvimento, pois desencadeia uma atividade narrativa que influencia significantemente a visão ficcional da criança, podendo abrir fronteiras em seu desenvolvimento cognitivo e identidade.
Primeiramente é notável visar alguns princípios orientadores que abrange duas categorias para adequar livros à faixa etária.
        Na 1° categoria (Dos 15/17 meses aos 3 anos) “Primeira Infância”, a criança começa a reconhecer o seu mundo pelo tato e contatos afetivos, emocionais, redicionando-a descobrir-se como indivíduo dotado de linguagem e ações cognitivas.
        Nesta fase, o educador tem que investir na oralidade, nomeando brinquedos, desenhos, gravuras como estímulo a autonomia. Livros com cores diversas, gravuras de animais, ilustrações de objetos, fotos da família são interessantes para estimulação no exercício da oralidade e construção da expressividade, fantasia, e identidade.
        E segundo Paul Faucher  a partir dos 18 meses chega o momento de elaboração da linguagem e partindo de cada estágio da criança chegou às seguintes correlações: “Livros com imagens que devem provocar o conhecimento ou reconhecimento de objetos ou seres, familiares à criança, em seu cotidiano real e comum: brinquedos, móveis, recantos da habitação, bichos, alimentos... a serem designados oralmente pelo nome. Esse convívio com a imagem, associada à palavra nomeadora, facilitará a operação mental que identifica a percepção visual e a palavra correspondente. Mas, para que isso se dê, a imagem deve ser nítida e imediatamente perceptível pela criança. Livros com poucas páginas.”
        Na 2° categoria (A partir dos 2/3 anos) “Segunda Infância”, o educador tem que ser o mediador para o contato com o livro, escolhendo livros direcionados ao cotidiano da família, com imagens significativas à visão infantil, sugerindo uma situação de fácil comunicação visual.
       Nesta fase é crescente a comunicação verbal e visual, portanto contar histórias tem que ser atraente assim como os livros e proporcionar à criança uma viagem ao um mundo de fantasia direcionado pelo texto. Proporcionar atividades de recontar a história é algo importantíssimo pois desenvolve a oralidade e imaginação.
        Paul Faucher Também diz que “a partir dos 3 anos há uma ampliação do mundo conhecido e linguagem identificadora. E os livros tem que ter imagens tiradas ainda do ambiente familiar, formando historietas simples, que podem ser manipuladas pela criança para formar outras situações ou histórias ou contá-las.”
       “É preciso saber que contar histórias é uma arte popular. Uma aproximação excessivamente acadêmica e/ou sofisticada pode esvaziar o conteúdo emocional da narrativa, deixando o público pouco à vontade. Da mesma forma, deve-se ter em mente que, embora o ato de contar histórias possa se inserir numa proposta terapêutica ou num projeto pedagógico, não se pode agir de forma mecânica, apenas para cumprir um dever ou para ensinar o que quer que seja, de regras gramaticais a valores doutrinários. As histórias devem ser contadas por e com prazer. Senão nem vale a pena começar”( Informação verbal).
    
 Agora vem a pergunta: _ “Como fazer da narrativa uma atração?”.
_Por caracteres visuais, como: fantoches, fantasias, livros atraentes..., e também auditivos. A entonação da fala, sons, ruídos, e a música são fatores importantes ao contar historias, pois a criança é levada ao mundo fantástico por estes caracteres! Para submetermos a criança à expressividade, criatividade, propondo perspectivas sobre a realidade que vive a narrativa tem que ser encarada como arte assim como a literatura infantil, pois nada adianta haver obras de grande valia cultural e artística se for passada sem entusiasmo, fantasia ao pré-leitor que é receptor vital e sensorial do mundo que o rodeia.Quem conta a história vê-se envolvido em todo este processo. Um adulto que goste de contar histórias não escapa ao seu próprio fascínio e descobre a cada momento, a cada pausa, o efeito que as suas palavras e a sua expressão provocam nele mesmo e na criança que ouve, de olhos maravilhados”, segundo uma pesquisa na internet.                
       Ao narrar um conto, o contador tem que se envolver na história trazendo na narrativa um mundo fantástico, mas real aos olhos infantis. Temos que trabalhar criativamente levando a criança a imaginar além do que está no livro. “A escolha do repertório é fundamental para um contador de histórias. Mesmo os contadores mais experientes encontram dificuldades com alguns textos e mais facilidade com outros, sugerindo que se trabalhe com três tipos básicos de material: literatura popular (onde se incluem os contos de fadas), contos literários e trechos de livros (SAWYER, 1990, p. 153). E também (...) “a literatura infanto-juvenil continuará tendo a sua faceta mais atraente na literatura de tradição oral e mais propriamente nos contos de fadas” (RIBEIRO, 2002, p. 14-15).
       Fica por consciência do narrador a doação e ousadia em se dedicar a arte de contar  porque narrar história não é somente desenvolver a imaginação ... mas também dá  afeto e conforto.
      Também é importante ressaltar que a lógica da criança exige organização (Começo, Meio e Fim) havendo coerência e unidade, vocabulário simples, além da mágica a ser envolvida. Para que então se possa a partir da história propor imaginação e argumentação para estimular o querer e o pensar.
         A mediação do educador não é só importante por introduzir a criança num mundo mágico, cheio de fantasia, é também para que decodifique os sinais gráficos contidos no livro e estimule um caminho para a escrita. As imagens devem ser predominantes no livro e criarem situações para esta certa faixa etária, até porque as figuras são um texto e desenvolvem criatividade, oralidade e improviso.
        As atividades de histórias têm que propor autonomia oral à criança, para que não desenvolva somente o prazer em ouvir como também o prazer em contar e criar histórias. O universo da leitura é mágico e envolvente, e para os educadores uma “artimanha” que faz do objetivo pedagógico uma aprendizagem significativa. Com o uso da arte na rotina pedagógica se ganha equilíbrio, organização, vivacidade da sala, além de desenvolver a oralidade. Desenvolver a linguagem é um dos objetivos das classes iniciais da Educação Infantil e os educadores destas turmas precisam interagir com as crianças, que muitas vezes usam fraldas e chupetas. Um dos caminhos evidentes no estudo é trabalhar com textos infantis, explorando os recursos lingüísticos, tanto visuais como auditivos, melhorando assim a qualidade de ensino e aprendizagem de nossas crianças.
          Portanto, depende do educador analisar o currículo e a prática pedagógica e enxergar em si um estimulador de perspectivas futuras.
“Talvez uma das funções mais importantes da arte consista em conscientizar os homens da grandeza que eles ignoram trazer em si”. André Malraux.